terça-feira, 26 de julho de 2011

"Fantasio" de Alfred de Musset

Alfred de Musset, poeta francês, nascido em Paris em 1810 e morto em 1857."Que agradável e delicioso oficio, o de "bobo"! (Fantasio) de Alfred de Musset.
...............            .....................................                ......................         .......................
Bobo da Corte

....Num de seus personagens. Fantasio.

A FEIÚRA QUE DIVERTE, DEFORMAÇÃO QUE ZOMBA...
Para se introduzir no palácio do rei da Baviera, um jovem extravagante, chamado de Fantasio, teve a a vivacidade de se vestir como o "bobo"da corte, que tinha morrido no dia anterior. Para ele, esse truque foi muito bem sucedido. E o herói dessa acabou exclamando a frase do título: "Que agradável e delicioso oficio, o de "bobo"!
"Ando de um para outro lado, neste palácio - continua ele - como se sempre o tivesse habitado. Há pouco encontrei o rei, que não teve, sequer, a curiosidade de olhar para mim. Depois da morte de seu "bobo"oficial, haviam-lhe dito: Sir aqui está outro! Não foi preciso mais! Posso fazer o que bem entendo sem que me detenham com a menor observação. Sou um dos animais domésticos do rei da Baviera e, se quiser, enquanto conservar minha bossa e minha cabeleira, poderei viver aqui até minha morte, gozando a vida, sem ter com que me preocupar."
E, aproveitando essa liberdade de ação, Fantasio surpreendeu o segredo do triste noivado da princesa Elsbeth, que, por interesse político, ia se unir a um príncipe feio e imbecil. Nosso herói torna impossível esse casamento com um recurso... de "bobo"; pescando com a ponta de um anzol, a cabeleira postiça do augusto noivo. Defeito físico, fantasia espiritual, exagero na linguagem e, ás vezes, de conduta, esses são perfis, que caracterizam na História o personagem do "bobo" e lhe dão fisionomia tão desconcertante. Já entre os antigos, para divertimento da classe mais abastada e poderosa, esses indivíduos pitorescos eram tão procurados que foi necessário instituir, para esse gênero de negócios, um mercado especial; seja sincero, caro leitor! A existência de um mercado de trabalho tão insólito, já tinha passado pela sua cabeça? Nas horas das refeições, apos as dançarinas, os macacos incríveis e os tocadores de harpa, o "bobo", vindo da Ásia Menor ou da Pérsia, fazia sua entrada ridícula, saudado pelo riso dos convivas. Na considerada Idade Média, não havia um só castelo em que a silhueta caricatural do "bobo"não surgisse entre as rendas e os brocardos. Pasmem! As cortes reais e as cortes feudais lutavam para a posse do "bobo"mais feio, mais deformado e emissários eram enviados aos quatro cantos do mundo conhecido em busca desses fenômenos humanos, para distração dos poderosos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário