Músicas Paraenses: Berço de estilos que caíram na boca do povo brasileiro como a lambada e o brega, a música paraense segue ciclicamente sua renovação de estilos, todos oriundos de uma mesma raiz: o Carimbó. Genuinamente do Pará, o ritmo é o principal brasão da bandeira levantada pela música local. Foi a partir dele que verdadeiras coqueluches conquistaram a massa a partir da difusão pelas rádios e TVs. Para não exigir muito da memória, basta voltar ao final dos anos 1980 e visualizar a dança sensual, veloz e suada que tomou de assalto Norte e Nordeste do Brasil. A lambada surgiu no Pará, em meados dos anos 1970. Segundo o músico paraense Pio Lobato, da banda Cravo Carbono - e um dos maiores estudiosos sobre as raízes da música do estado –, o ritmo apareceu pela primeira vez no disco Lambadas das quebradas, de Mestre Vieira, que foi composto em 1975, mas, por estratégia de um produtor, lançado apenas em 1978. A tal jogada comercial, no entanto, abriu uma fresta para que o cantor e compositor regional Pinduca se antecipasse e colhesse os louros pelo lançamento da música Lambada (sambão), em 1976. Pio conta que a palavra "lambada", curiosamente, nasceu nesta mesma época, vinda do jargão de um radialista local chamado Haroldo Caraciolo, que anunciava um "merengue como lambada".
Não apenas a música paraense, como a de toda a Amazônia bebe bastante nos estilos e ritmos de culturas próximas, como a cúmbia, da Colômbia, e o zouk, da Martinica e de Guadalupe. Este último, aliás, se tornou febre nas periferias do estado do Amapá, por exemplo. Já a cúmbia, ao receber diferentes referências locais, espalhou-se e foi assimilada pela região como um todo. Uma das marcas da música paraense é a mistura de todos esses ritmos. Uma composição que ilustra bem esta característica local é a música Porto Caribe, do poeta Ruy Barata e do compositor Paulo André Barata, que traz neologismos como "lambadear".
BOI-BUMBÁ
Outra grande referência da cultura musical da Amazônia é o boi-bumbá. Apesar de ter nascido no Maranhão, foi no Amazonas que ele desabrochou. Hoje, o Festival Folclórico de Parintins, que reúne os grupos Garantido e Caprichoso, leva milhares de turistas para conhecer a tradicional dança, que mistura lenda com teatro e música. A tradição, no entanto, também está presente do Nordeste ao Sul do Brasil, onde assume o nome de bumba-meu-boi. No Norte concentra uma forte representatividade. Em Belém, a banda Arraial do Pavulagem junta cerca de duas mil pessoas em seus "arrastões" pelas ruas da cidade e revive a famosa Festa do Boi há 21 anos. É reinventando, redescobrindo e mesclando diversos ritmos que a harmonia do Norte caminha em passos calculados para atingir o ar da música pop brasileira.
O nome de Haroldo Caraciolo fez parte da minha infância pois lembro que todo o radio era sintonizado (não me lembro em qual estação) para ouvirmos o programa Haroldo Caraciolo Comanda o merengue, e a atração da casa era eu aos aproximadamente cinco ou seis anos que tinha que dançar as músicas que eram tocadas rs rs. Hoje aos 49 anos nunca esqueci o seu nome, e residindo hoje no RJ, guardo as minhas raizes com carinho e orgulho.
ResponderExcluirNão é Aroldo e, sim, Haroldo Caraciolo, meu pai.
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