segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Aroldo Caraciolo, O inventor da Lambada.

"Vai Ai Uma Lambada" !! Era o "pedido" na década de 1960/70, do radialista Aroldo Caracciolo, para que os donos de bares colocassem uma dose de Cachaça/Pinga, aguardente no seu copo para beber. E com esse bordão (uma expressão comumente repetida por alguém, ou alguma atitude repetida, sempre em uma determinada situação. Também serve para facilitar a identificação de diversos personagens no meio humorístico/artístico), o radialista que muito jovem se viciou na bebida alcoólica, pedia para os atualmente chamamos de DJ, seus companheiros de rádio, já na década seguinte de 70, que eles colocasse uma música para os ouvintes, geralmente músicas do Caribe chamadas de Merengues. E quando ele usava esse bordão na rádio, saia rapinho para degustar uma lambada. Tomava e levantava os braços estalando os seus dedos. "que lambada da boa".

Músicas Paraenses: Berço de estilos que caíram na boca do povo brasileiro como a lambada e o brega, a música paraense segue ciclicamente sua renovação de estilos, todos oriundos de uma mesma raiz: o Carimbó. Genuinamente do Pará, o ritmo é o principal brasão da bandeira levantada pela música local. Foi a partir dele que verdadeiras coqueluches conquistaram a massa a partir da difusão pelas rádios e TVs. Para não exigir muito da memória, basta voltar ao final dos anos 1980 e visualizar a dança sensual, veloz e suada que tomou de assalto Norte e Nordeste do Brasil. A lambada surgiu no Pará, em meados dos anos 1970. Segundo o músico paraense Pio Lobato, da banda Cravo Carbono - e um dos maiores estudiosos sobre as raízes da música do estado –, o ritmo apareceu pela primeira vez no disco Lambadas das quebradas, de Mestre Vieira, que foi composto em 1975, mas, por estratégia de um produtor, lançado apenas em 1978. A tal jogada comercial, no entanto, abriu uma fresta para que o cantor e compositor regional Pinduca se antecipasse e colhesse os louros pelo lançamento da música Lambada (sambão), em 1976. Pio conta que a palavra "lambada", curiosamente, nasceu nesta mesma época, vinda do jargão de um radialista local chamado Haroldo Caraciolo, que anunciava um "merengue como lambada".

Não apenas a música paraense, como a de toda a Amazônia bebe bastante nos estilos e ritmos de culturas próximas, como a cúmbia, da Colômbia, e o zouk, da Martinica e de Guadalupe. Este último, aliás, se tornou febre nas periferias do estado do Amapá, por exemplo. Já a cúmbia, ao receber diferentes referências locais, espalhou-se e foi assimilada pela região como um todo. Uma das marcas da música paraense é a mistura de todos esses ritmos. Uma composição que ilustra bem esta característica local é a música Porto Caribe, do poeta Ruy Barata e do compositor Paulo André Barata, que traz neologismos como "lambadear".


GUITARRADA: Mestre Vieira também foi um dos criadores, nos anos 1970, da guitarrada, que nada mais é do que um jeito peculiar de tocar o instrumento e que, popularmente, acabou se consolidando como gênero musical, tanto que também ficou conhecido como lambada instrumental. "A lambada é filha da guitarrada, que é filha do choro e do merengue", sintetiza Pio Lobato. Desconhecido do grande público, o gênero acabou ressurgindo no Pará no início dos anos 2000, quando Pio, com a colega Kelci Cabral, do curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal do Pará (UFPA), fez um trabalho que resultou na união de Vieira, Aldo Sena e Curica. Formaram, então, em 2002, o grupo Mestres da Guitarrada. O estilo tem uma sonoridade única, que mistura carimbó com ritmos caribenhos e influenciou uma série de bandas. Uma delas, de maior expressão nacional, é a Calypso. Outra, ainda restrita a meios mais cults no Brasil, porém já conhecida nacionalmente, é a La Pupuña, que mescla surf music, merengue de Belém – o qual foi apelidado de "Belemgue" –, com lundu, dança de roda que vem do lundum, de origem angolana, e siriá, ritmo com forte apelo sensual. "Nós acrescentamos surf music para que nosso som ficasse mais globalizado, mas a questão rítmica é diferente da guitarrada. Só comparamos por ser de beira de rio, assim como a surf music é de beira de praia", contextualiza Luiz Félix, guitarrista e vocalista da Pupuña.

BOI-BUMBÁ

Outra grande referência da cultura musical da Amazônia é o boi-bumbá. Apesar de ter nascido no Maranhão, foi no Amazonas que ele desabrochou. Hoje, o Festival Folclórico de Parintins, que reúne os grupos Garantido e Caprichoso, leva milhares de turistas para conhecer a tradicional dança, que mistura lenda com teatro e música. A tradição, no entanto, também está presente do Nordeste ao Sul do Brasil, onde assume o nome de bumba-meu-boi. No Norte concentra uma forte representatividade. Em Belém, a banda Arraial do Pavulagem junta cerca de duas mil pessoas em seus "arrastões" pelas ruas da cidade e revive a famosa Festa do Boi há 21 anos. É reinventando, redescobrindo e mesclando diversos ritmos que a harmonia do Norte caminha em passos calculados para atingir o ar da música pop brasileira.


2 comentários:

  1. O nome de Haroldo Caraciolo fez parte da minha infância pois lembro que todo o radio era sintonizado (não me lembro em qual estação) para ouvirmos o programa Haroldo Caraciolo Comanda o merengue, e a atração da casa era eu aos aproximadamente cinco ou seis anos que tinha que dançar as músicas que eram tocadas rs rs. Hoje aos 49 anos nunca esqueci o seu nome, e residindo hoje no RJ, guardo as minhas raizes com carinho e orgulho.

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  2. Não é Aroldo e, sim, Haroldo Caraciolo, meu pai.

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